segunda-feira, 20 de junho de 2011

Ser Idoso

Tem-se o idoso como aquele que tem muitos anos de idade e uma enorme
experiência acumulada, uma pessoa que já viveu e passou por muitas coisas, isso
acaba diferenciando-o dos outros. O idoso tem um papel fundamental em
nossa sociedade e esse valor não é reconhecido, são tratados como se fossem
peças descartáveis, ele seria a pessoa mais indicada a nos dar uma opinião, pois
são pessoas vividas que nos servem de exemplo. O sujeito se constrói como
pessoa, através de suas experiências vividas, sejam elas pessoais, ou de
trabalho...todas são de extrema importância para seu desenvolvimento como ser
humano.
E toda essa experiência trouxe maturidade que é vista como um alcance
de um patamar de desenvolvimento do homem na sociedade. Segundo
Veras(1999) ser maduro é ter experiência, prudência, paciência, tolerância, ser
bom ouvinte, sábio, ter prazer em ensinar o que aprendeu ao longo da vida e
preocupar-se com o bem estar das pessoas ao seu redor. O ser humano quando
está bem psicologicamente pode vir a ter uma velhice bem sucedida (autoaceitação,
relações positivas com os outros, autonomia, propósito na vida etc...).
Os indivíduos envelhecem de forma muito diferenciada, dependendo de como
organizaram suas vidas, das circunstâncias sociais, históricas e culturais em que
vivem e viveram, da decorrência de doenças durante o envelhecimento e da
interação entre fatores genéticos e ambientais.
envelhecer
satisfatoriamente pode estar relacionado ao equilíbrio entre as limitações e as
potencialidades do indivíduo.
Ser idoso não é uma abstração, porém uma condição visível e que
determina, de certo modo, as possibilidades de ação e inter-relacionamento social.
O envelhecer não é somente um momento na vida de um indivíduo, mas um
processo extremamente complexo e pouco conhecido, com implicações tanto para
quem o vivencia como para a sociedade que o suporta ou o assiste. O motivo pelo
qual escolheu-se esse tema foi para mostrar para a sociedade que estar na
terceira idade não implica necessariamente em doenças e afastamento, pois o
idoso tem potencial para mudanças e muitas reservas de energia físicas que ainda
não foram exploradas.
A ONU (Organizações das Nações Unidas), considera as pessoas acima
de 60 anos como idosos, eles são uma grande parte da população. Na terceira
idade estão contidos dois subgrupos, o primeiro está relacionado às mulheres em
geral, por terem servido marido e filhos a vida inteira, e por isso acabaram
alienando a outros papéis, ficando subjugadas a monotonia, criando em si uma
grande frustração, já o segundo subgrupo está relacionado ao velho e ao senil; o
senil está em um estado avançado de deteorização de suas capacidades, o velho
é “obrigado” a se afastar de seus afazeres cedendo seu lugar para os jovens que
estão entrando no mercado de trabalho tendo assim que guardar para si, toda sua
potencialidade.A maioria dos idosos que trabalharam a vida inteira podem ter uma
certa dificuldade em se adaptar a aposentadoria, pois são pessoas ativas que
saíram do mercado de trabalho devido o tempo de serviço e com isso acabarão
tendo que modificar seu estilo de vida acarretando assim algumas decepções e
frustrações, chegando muitas vezes a perdas tanto materiais (financeiras) como
sociais e psicológicas.

O destino dos velhos em nossa sociedade

Se perguntarmos quem é o idoso no Brasil, hoje, a resposta é obviamente difícil, pois essa noção encontra-se profundamente alteradaniza. Há um componente subjetivo dentro dessa avaliação. Há quem se sinta idoso com 40 anos de idade e outros não se sentem idosos aos 80 anos. É o tipo de sociedade em que vivemos que faz com que as pessoas com mais idade se sintam jovens, mais capazes e com toda a possibilidade de continuar lutando. Isso cria uma realidade nova e, inclusive, provoca problemas novos, porque a pessoa permanece por mais tempo em plena atividade e isto coloca inevitavelmente alguns conflitos de gerações. Vejo isto na própria Universidade de São Paulo, onde os professores que se aposentam não querem deixar a Universidade, querem continuar trabalhando. Mas, ao mesmo tempo, os que vêm chegando, estão na expectativa de ocupar o lugar e, então, empurram aqueles mais antigos, para que não ocupem mais espaço. Acham injusto isso, porque estão lá há muito tempo, esperando sua vez, já amadureceram, já se acham plenamente aptos para assumir os principais encargos e acham que é até necessária essa mudança, para que introduzam um pensamento novo, uma atitude nova.
E, por outro lado. não se pode deixar de reconhecer que, com muita freqüência, o professor chega a momento de sua aposentadoria em plena capacidade intelectual, plena capacidade física, tendo inclusive acumulado uma série de conhecimentos importantes. E isto é um fator de conflito. Aqui já vemos a necessidade de repensar uma situação que sempre foi pensada de maneira diferente: é a situação do aposentado. O aposentado sempre foi imaginado como aquele que está se despedindo da vida: aposentou-se do seu trabalho, de sua função aposentou-se da vida. Isso foi o que sempre se colocou e hoje, dadas as circunstancias, não é mais aceitável.
Aposentar-se é uma circunstancia, uma formalidade que tem asnizapectos práticos e pode significar simplesmente mudança de atividade. De maneira alguma deve ser considerada uma despedida da vida. Não me aposento da vida, estou mudando de atitude, é o que deve pensar e sentir o aposentado. E nisso há certas peculiaridades curiosas até. Ainda há pouco conversava com um amigo que dizia: quando menino, mais jovem, pensava que em chegando a ser um dia avô, deixaria crescer a barba e ficaria contando estórias para meus netinhos. Tudo dentro daquela visão antiga do avô. Mas qual o neto que tem hoje paciência para ficar ouvindo um avô maduro, contando estórias
De fato, é outra a realidade e a disposição dele também é outra, não aquela de ficar contando estorinhas para os netos.
As avós hoje são extremamente jovens, elegantes e querem participar da vida, querem ter o direito de participar da vida. Aquela avozinha de xale, encolhidinha e fazendo bolinhos para os netos representou uma época. Teve seu significado e talvez correspondesse a uma realidade forçada, mas não se verifica mais.
O que notamos hoje é que é preciso repensar as categorias em função da idade. Essa categoria de idoso, de pessoa da terceira idade, se concebe de maneira nova. E isso me coloca, desde logo, perante uma das questões básicas que é a grande opção que em princípio se oferece e até hoje tem sido pouco discutida: o que deve fazer a pessoa em relação à sua velhice. Qual deve ser sua atitude frente à velhice, que pode estar mais distante ou mais próxima? Naturalmente, aqui aparece a questão do que é a velhice, do quê é ser idoso.
Mas a colocação que ainda na maioria danizas vezes se faz é se a pessoa deve optar por se preparar para a velhice. Só que isso tem sido muitas vezes concebido como preparar-se para um suicídio gradativo, pelo qual a pessoa vai se sentindo morrer aos poucos, devendo aceitar que vai morrer mesmo - preparar-se, então, para ir sendo posta de lado, não ter mais participação. Neste "preparar-se para a velhice" há injustiças tremendas, há agressões extraordinárias, porque o que está se propondo é que a pessoa tente ser o menos visível possível, incomodar o menos possível e, quem sabe até, falar o menos possível.
Preparar-se para a velhice, nessa concepção, é convencer-se de que "já deu tudo o que tinha que dar", agora "você é só um consumidor, converse o menos possível e atrapalhe menos". Esta é colocação da não participação, do desligamento. Pode parecer generosa essa idéia da preparação psicológica para o desligamento: alguém se imbuindo da idéia de ser um mero espectador discreto.
Para muitos essa colocação é a que deve prevalecer e alguns até invocam, para justificar isso, certa intenção de generosidade: "Não vamos submeter a pessoa à situação de vexame, a situações de conflito, empurrar o idoso para ter participação, se ele não tem capacidade de participação. Ele pensa que é capaz, mas vai sofrer humilhações, porque às vezes nem fisicamente pode competir". De fato, não se pode colocar a questão dessa maneira. Como ponto de partida, rejeito essa proposta de preparação para a velhice como idéia de desligamento, isto é, o preparar-se para não ser participante, para ser passivo em relação à vida e em relação à sociedade.
No extremo oposto temnizaos outra idéia, que é a proposta da participação, da atividade. O fato de ter mais idade, de ter-se aposentado não deve implicar a demissão da vida e o começo da morte. Bem longe disso, deve significar a mudança de atividades, a preparação no sentido de aceitar que as atividades serão diferentes e, de maneira alguma, aceitar a idéia de não ter atividade.
E o que significa isto de se ter atividades diferentes? Será que não significa recair na proposta de demissão, de afastamento? Na realidade, não. Acho que é preciso encarar com muita objetividade a questão, com bastante serenidade e analisar as coisas como elas se põem na prática. Pensemos em alguém que trabalha em uma empresa: algum escriturário que cresceu na empresa, chegou à posição de chefia e se aproxima o tempo de sua aposentadoria. É comum que este empregado relute em se aposentar; ele quer ficar o maior tempo possível e começa a arranjar desculpas para evitar a aposentadoria. Fica aguardando algum reajuste de vencimentos, mais uma promoção, o que funciona como pretexto, porque a idéia de aposentar-se significa desistir de lutar, desistir da vida e começar a morrer.

Idosos enfrentam muitas discriminações

Estamos em pleno século XXI e mesmo assim presenciamos cenas de preconceito, ainda mais em relação aos idosos, que já passaram por tantas coisas, criaram filhos, netos, possuem uma grande experiência em relação á vida, e mesmo assim não recebem um mínimo de respeito, o que deveria acontecer.

Geralmente o desrespeito acontece dentro de casa, cresce o número de jovens que não dão o valor aos pais, ou avós, maltratando, verbalmente e fisicamente, principalmente quando os idosos não conseguem mais se defender, e acaba sofrendo com repressões de várias pessoas.

Mas não é somente esses casos de discriminações, os idosos também não são respeitados muitas vezes em filas, hospitais, no trânsito, no trabalho, em fim uma série de preconceitos sem cabimento.

As pessoas não têm a consciência de que os mais velhos também possuem os mesmos direitos na sociedade, que merecem toda a atenção e respeito. São pessoas que deveriam ser idolatradas, elas que possuem um vasto conhecimento, podem dar conselhos, amar, educar, ou seja, coisas que qualquer um pode fazer.

Não vale a pena ser preconceituoso, todas as pessoas merecem ser dignos, então faça a sua parte não contribua na descriminação. Lembre-se que um dia também vai chegar na mesma idade, vai atingir, 50, 60, 70 anos ou mais. E como você quer ser tratado?

Maiores reclamações

As principais reclamações de idosos são sobre planos de saúde: reajustes por faixa etária, reajuste anual, descredenciamento de hospitais e de laboratórios, e cobranças indevidas das operadoras de telefonia.
Os idosos também sofrem discriminação ao tentar obter financiamento para qualquer bem. Por exemplo, no fim de 2001, o instituto recebeu reclamações contra financeiras que exigiam dos idosos a apresentação de avalistas para fazer financiamentos de bens e serviços, presumindo que eles teriam maiores chances de contrair doenças ou morrer. A exigência é absolutamente ilegal, e a orientação do Idec foi no sentido de se denunciar a prática abusiva ao Ministério Público.
“As empresas ainda não estão preparadas para atender idosos”, afirma a assistente social Sandra Turra. Ela participou da fundação do Procon-Paraná, onde trabalhou entre 1991 e 1994, e é ex-presidente da Associação de Defesa e Orientação do Cidadão (Adoc) de Curitiba. Atualmente, trabalha numa dissertação de mestrado em Sociologia das Organizações sobre os idosos e o consumo

Filas de bancos

O cirurgião dentista aposentado Paulo Faggiani, 75 anos, afirma que não tem enfrentado preconceitos em razão da idade. Mas acredita que, atualmente, “parece que acabaram as expressões como ‘com licença, muito obrigado, desculpe’, etc. No dia-a-dia, eu sou bem atendido, e normalmente antes dos outros. Só que a fila de idosos nos bancos está sempre grande. Um dia desses, no Itaú, fui atendido na fila comum, porque a de idosos estava enorme...”.
Mesmo com a fila especial, é sempre apenas um caixa que atende, lembra João Belli, de 79 anos, ex-chefe de escritório.
Belli observa também que a situação econômica afeta muito o aposentado: “A inflação, que o governo diz que não existe, está embutida em tudo o que a gente compra. E os aposentados são os que mais sofrem, porque o último reajuste foi de R$ 180,00 para R$ 200,00, e quem ganha um salário mínimo recebeu em abril. Já quem passa dessa quantia só recebeu em junho”.
Ele aponta ainda que as farmácias não dão mais descontos de até 30%: “Eu só tenho conseguido 5%”, reclama. Os genéricos melhoraram um pouco a situação, são mais baratos, mas nem todos os medicamentos são genéricos.
Daniel Martins, de 69 anos, ex-proprietário de imobiliária, afirma que há necessidade de uma política para idosos no Brasil. “Eu tenho uma situação muito boa, não enfrento problemas. Mas o idoso no Brasil não tem lazer, não tem assistência médica, quando muito tem condução gratuita. Entretanto, isso é até deprimente, porque em geral o passageiro idoso é humilhado.” Daniel não usa a prerrogativa de ser atendido na frente de ninguém, mas quando vê idosos serem maltratados, chama a atenção.
Atualmente estudante de Direito, é o mais velho da universidade. E não encontra nenhum problema em decorrência da idade. Ao contrário, recebe muito carinho dos colegas e professores.

A sociedade não está preparada para o aumento no contingente da terceira idade; já são mais de 15 milhões os brasileiros maiores de 60 anos.

Em sociedades ditas primitivas, os mais velhos ocupavam lugares de honra, pois eram os depositários do conhecimento. Mas a lentidão dos idosos entrou em conflito com a velocidade dos tempos modernos, voltados para interesses mais mercantilistas que humanitários. Também chocou-se com a mentalidade consumista que elege como público preferencial o jovem.
E se já não é fácil para pessoas que fazem parte da população economicamente ativa exercer a cidadania enquanto consumidores, imagina-se que aqueles com mais de 60 anos enfrentam maiores dificuldades. Entretanto, não existem dados sobre essa faixa etária em relação aos direitos do consumidor, área recente no País, que começa a sistematizar estudos mais específicos.
Já são mais de 15 milhões os brasileiros com mais de 60 anos, segundo o IBGE. Uma população que cresce numericamente em um país que não tem política nacional para a terceira idade. Entrevistamos alguns associados do Idec e, embora a maioria deles tenha declarado não enfrentar preconceitos, todos apontaram problemas com relação ao tratamento dessa faixa etária.
Entre as medidas de proteção para a terceira idade existem a preferência no atendimento e a isenção do pagamento de passagens nos transportes coletivos urbanos na cidade de São Paulo. Há uma lei desconhecida, a de no 10.173, de 9/1/2001, que acrescentou ao Código de Processo Civil os artigos 1.211-A, 1.211-b e 1.211-C, estabelecendo a prioridade na tramitação de todas as ações judiciais em que figure pessoa com idade igual ou superior a 65 anos. Devido à morosidade da justiça, não se nota muita diferença com relação à proteção aos idosos nesse item. Já a preferência no atendimento e a isenção de pagamento de passagens geralmente são cumpridas. Mas, muitas vezes, a duras penas.
“Eu acho que há muito preconceito contra o idoso”, diz a dona de casa Edna dos Santos, 65 anos. “No ônibus, a implicância é tanta que parece que o dinheiro sai do bolso do motorista e do cobrador”, reclama. “Quando entra um idoso, eles fazem cara feia, tanto que um dia eu falei para o motorista: sua cara é tão feia que você parece mais velho que eu”.
Outro problema a enfrentar nos ônibus são os degraus altos. Yolanda Barbosa Ribeiro, ex-secretária de diretoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo/USP, aposentada de 72 anos, desistiu de tomar ônibus por isso. Mas não escapou dos degraus numa excursão pelos pontos culturais de São Paulo: “Na estação Júlio Prestes, o motorista parou a 1 metro da guia do passeio. Assim, para descer e subir, quando uma perna toca no chão, a outra está na altura do peito da pessoa. Por causa disso, tive de fazer fisioterapia”, conta.
Além do estribo alto, as vagas destinadas a idosos estão diminuindo. “Há alguns ônibus com apenas dois bancos reservados, e a catraca vai passando cada vez mais para a frente”, observa Celso Rodrigues Marcondes, advogado aposentado de 71 anos. Segundo ele, “isso acontece porque os velhos são mais lentos, e os motoristas têm pressa. Então, o tratamento dispensado depende do estado físico da pessoa”.
Já Manoel Morales Filho, advogado atuante aos 80 anos, aponta uma campanha feita nos trens do Metrô na qual o condutor fala para se respeitar os bancos cinzas, reservados a idosos, deficientes, mulheres grávidas ou com bebê de colo: “E já vi que dá resultado, pois muitas vezes há pessoas de pé, e os bancos cinzas vazios”, afirma. “Demora, mas aos poucos as pessoas se educam.”